Claro que mais de umas que de outras, que o desprendimento das raízes não se dá de uma só vez.
E sim, claro, nem sempre praticando o desprezo que me merecem, porque a carga social que me rodeia não mas deixa ignorar. Cremos, ouvimos e lemos.
Num longínquo dia de 4 de Outubro de 1582, uma Quinta-feira, do então praticado Calendário Juliano (que por sua vez já tinha feito mais do mesmo), as pessoas deitaram-se à noite em lareiras que começavam a aquecer o tempo frio que se iniciava por esta Europa, para acordar, na manhã seguinte, numa Sexta-feira (la Palisse não
o diria melhor) mas, pasme-se, com o calendário a marcar o dia 15 de Outubro.
As pessoas, numa dormida, deixaram de viver 10 dias. Ou, numa perspectiva positiva, em menos de um segundo, viveram dez dias.
Desde então, o Calendário Gregoriano foi avançando por este mundo que Deus nos deu, e foi-se impondo às regras do Universo, muito menos mesquinho na forma de contar o
tempo, que não se deixa levar por uma contagem cíclica, com tons de música
linear, como se as “Spring, Summer, Winter and Fall” marcassem as células que
nos matam aos poucos e determinassem o indeterminável.
Hoje, mas podia ser só daqui a uns dez dias, ou podia ter sido a 21 de Dezembro, ou noutro dia, consoante a hora e o local religioso que estivermos a praticar, convenciou a Bula Papal Inter Gravissimas, de Gregório XIII, lançada ao vento a 24 de Fevereiro de 1582, que vamos todos encher a internet com despedidas de 2012 e passarmos as badaladas das 12 passas de uva para 2013.
Em cima de uma cadeira, com um pé no ar, com muito champagne, algumas bebedeiras, umas leves, outras de caixão à cova, muitos abraços e sorrisos e alegrias, entre abraços e beijinhos entre amigas e amigos e caras que nunca vimos, tudo num desafio de ficção universal.
Afinal, nada mais se passará que um relógio a marcar compassos de segundos em sequência precisa, monótona e chata, sessenta serão eles, a que se seguirão outros tantos de cada vez.
E eis que, entre o último sexagésimo segundo do convencionado 2012 e o primeiro dos primeiros sessenta segundos do convencionado 2013, se ouvirão tambores a rufar, cores a explodir pelos céus, música a obrigar os corpos a rolar, algum dinheiro gasto
para isso, para alguns muito dinheiro gasto.
Afinal, no relógio, nada mais se passará de diferente dos restantes dias.
Será mais um novo dia, desta vez com o peso de um Novo Ano na contagem do Gregório, que vai levar muita gente a chamá-lo, noite fora e dia dentro.
Saiam bem deste traiçoeiro 2012 que nos foi imposto, preparem-se para o imposto e os impostos que chegam com o convencionado 2013.
Vamos à festa?
Tenham uma boa saída de 2012 e votos de um 2013 sem ciclos, nem linearidades.