Se a minha memória não me atraiçoa, há algumas décadas que não se via um 25 de Abril e um 1º de Maio como os deste ano.
E algo me diz que este ano foi só, para ambos, o início do trajecto até ficarem enterrados a 2 metros de profundidade, num qualquer cemitério das revoluções iniciadas nos anos 60 do século passado e que, neste cantinho à beira-mar plantado, culminaram com a efectuada a 25 de Abril de 1974.
As comemorações do 25 de Abril, é o que se tem visto desde há meia dúzia de anos. Ano a ano, mais se arrastam para terem uma cerimónia de cariz nacional. Longe vai o sonho de alguns em o sustituirem ao 10 de Junho.
O 1º de Maio, nem se arrastou. Foi um ar que lhe deu de uma só vez.
Hoje, num momento em que o país se diz em austeridade, as grandes e médias superfícies comerciais apresentavam-se como qualquer outro domingo, quiçá com mais movimento de pessoas atarefadas em gastar os euros das austeridades pessoais em produtos provenientes da Europa que se pergunta se nos deve apoiar com mais euros para lhes comprarmos mais produtos ou, pior ainda, “made in China”, desenvolvidos pelo capital e know how de algumas grandes empresas europeias (mas não só) que para isso tiveram que se decidir por desempregar europeus a troco de “algumas tigelas de arroz” no outro lado do globo.
Lojas cheias, muitas promoções a apelar às oportunidades de uma compra pelo Dia da Mãe, pelo dia disto, ou apenas por aquilo, porque todos os motivos são bons para vender, “trabalhadores” a fazer aquilo para que são pagos sem um pequeno remorso na alma ou um único neurónio a lembrar o longínquo dia 1 de Maio de 1886 de Chicago.
Este país necessita, definitivamente, de deitar contas à vida.