Tuesday, 30 August 2011

Da Mouraria ao Castelo, espraiando o olhar


Passeio de um domingo ensolarado.
Zonas recuperadas, outras em que se nota a destruição total à porta, gentes sempre solícitas a cada canto, especialmente para os turistas, becos em que assusta entrar e nos leva a um recuo estratégico, assim que se nota quem por ali está e o que deve andar a fazer, sempre à espera de incautos, não me fossem confundir com algum turista que, de máquina fotográfica na mão e saco de objectivas pendurado, por ali andasse cheio de euros ou dólares, história, muita história em cada pedra, cada parede, cada azulejo. Cidade escura à procura de manutenção e recuperação, antes que caia, mas com uma luz que só ela tem.
Fados que se ouvem a acompanhar a sardinha assada, música de encanto para turistas de fora e de dentro, vinho e pão e saladas, bacalhau de mil e uma formas, sempre uma tentação e foi a minha.
Colina que leva ao Castelo.
É Lisboa.
O "Terreiro do Paço" quase a ser uma Praça do Comércio enquanto ainda é o Centro Burocrático que nos pensa como amealhar o trabalho dos nacionais, o Rossio e a Praça da Figueira, lá em baixo, o Panteão ali ao lado, a "outra banda" a perder-se no olhar distante.
Ah! E o Castelo de S. Jorge, em festa pró-medieval, em que mal se ouvem os gritos das gentes de há mil anos, mas não tarda se passarão a ouvir. Está a ficar lindo, o castelo, com o nosso primeiro de espada em punho, à entrada, olhando a sul, perscrutando os caminhos que teriam que se seguir.
E o Tejo, azul-prata e ouro com aromas a pimenta, a cravo, a canela e a diamantes, correndo, sem parar, ao sabor das marés, ora subindo um pouco, ora descendo muito, rumo ao Atlântico da nossa salvação passada e, penso, futura.
Foi um simples passeio de um domingo ensolarado.

Sunday, 21 August 2011

Portogallo Profundus


Andando por este canto perdido nos confins da Europa, onde a terra acaba e o mar começa, sobem-se os 1.085 metros de altitude da Serra da Freita, bem dentro do concelho de Arouca, e vamos direitos ao seus dois grandes atractivos (que há mais, eu vos digo), as PEDRAS PARIDEIRAS - as duras (porque há as outras, as comestíveis, que fazem parte da doçaria conventual local), e a (cascata da) FRECHA DA MIZARELA - nome bem sugestivo, aproveitamos e espraiamos o olhar pelas aldeias, até ao mar, mergulhado no meio da neblina.

Friday, 19 August 2011

Quando Lisboa tremeu


Não tarda, temos o Natal a entrar-nos porta dentro.
Todos os anos, por essa altura, entra também pela porta aberta da chaminé que cai na lareira de fogo rodopiante, olhos postos nos flocos de neve a cair de pára-quedas na parte de fora - quadro que ficciono desde que me lembro das primeiras imagens do mundo, quando o Natal era no verão - "uma resma" de papel impresso que fica mais valorizado porque vem encapado e sob a forma de livros, uns quantos com umas palavras simpáticas escritas por quem mos faz chegar. Sempre que os recebo, penso na montanha de horas que vou necessitar para os devorar, ainda por cima, acumulados aos que poucos dias antes entraram no meu dia de aniversário. Ah, e aos que vou tomando aqui e ali, nesta ou naquela livraria.
E o meu aniversário e o Natal deste ano não tardam, que os relógios que consulto, desde há uns tempos, me parecem ter os motores demasiado acelerados. Tenho pois que vagar a prateleira dos não lidos, para dar lugar aos que para aí se perfilam.
Tudo isto para vos dizer que, entre uns tantos mais, acabo de ler o romance "Quando Lisboa tremeu".
É um bom filme ficcionado do terramoto e do maremoto que assolou Lisboa, em 1755, e das suas consequências.
Corrosivo quando olha aos fanatismos religiosos, leva-nos a uma viagem aos tempos em que os cuidados de limpeza, higiene e saúde estavam muito longe dos que actualmente temos (mesmo que sujeitos a críticas), à baixeza de sentimentos humanos que em cada canto de desgraça espreita uma janela de oportunidade de apropriação do alheio, incluindo do maior bem que é a vida, muitas vezes a troco do nada, de como é sempre possível ver meia dúzia de pessoas que, sem perder o coração, conseguem utilizar a razão para praticar o bem, de como aquele sentimento mais humano e de produção de vida, o amor, se mantém. Tudo num caldeirão que fervilha no meio do medo, da destruição, da incerteza e insegurança, do egoísmo no momento da tentativa de fuga, na grandeza dos animais que não são humanos ... ah, and last but not the least, entre sentimentos puros ou traiçoeiros, ou que o momento leva a pensar ser a última oportunidade de provar o cálice do prazer e da felicidade, com um enredo de paixões e de amores que atinge o seu climax no final do livro, surpreendendo o leitor, mesmo quando já se pensa que nada mais o poderia surpreender naquela estória.
Tenham um bom fim de semana e uma boa leitura.
Capa Completa

Tuesday, 16 August 2011

Portugal no seu melhor

Na Boca do Inferno, em Cascais.
Esta placa já está assim desde há uns meses. Muitos.

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A gaivota farta-se de olhar para a dita placa e tenta interpretar o seu significado, especialmente a parte escrita :-))

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Mas há muita gente que também não percebe nada do aviso.
Em tempo de grande afluxo turístico, alguém com obrigações na área deveria ter feito alguma coisa.
Claro que o perigo na área é mais que intuitivo, até para uma criança. Mas das duas uma, ou é necessário o aviso... ou não.

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Monday, 8 August 2011

America's Cup, Cascais 06 > 14/08/2011 - Flashes do "Circo" e ambiente

Updated 14.08.2011. The End.
O programa começou dia 6. Mas o dia não foi famoso. Chuva, vento tocadinho, mais que q.b., e sol praticamente ausente, deixaram para o dia seguinte, ontem portanto, os meus olhares sobre as novas máquinas que aproveitam o vento como nunca o mar o aproveitou.
As máquinas do AMERICA's CUP estão equipadas com uma vela principal que - chama-se vela e não asa de avião porque a tradição, na vela, ainda é o que era - que as lança sobre as águas a uma velocidade e capacidade de manobra impressionantes.
Domingo de sol "à verão", a assistência não se fez rogada.
Andei a olhar, enquanto e durante o tempo que pude, ora para o mar, ora para as areias, ora para as "gares" de recolha das máquinas e toda a sua azáfama, ora para a paisagem, ora para um gelado servido em cima de um crepe.
Foram muitos olhares. Só apresento os que consegui filtrar.
A ver se correm sem que se façam sentir o peso.
Tendo em conta que o programa vai até ao dia 14, se e sempre que tiver olhares novos, deixo-os inseridos no álbum.

Thursday, 4 August 2011

Pastando


É tempo de férias.
Anda tudo com as hortaliças ao sol e nada melhor do que eu, também, ir pastar durante uns dias, fazendo um intervalo aqui, outro ali, outro quando calhar, o mesmo é dizer, até que um momento me leve a vir cá deixar um dos meus "Gritos de Revolta", ou "Tangos", quem sabe, outros "Olhares".
Éguas Lusitanas apartadas dos machos.
Mãe e filha "inseparavelmente juntas".
Vistas na Quinta, no Cartaxo.

Tuesday, 2 August 2011

Super Chefe de Gabinete e coisa e tal


É só mais um caso em tão pouco tempo de Governo.
E como era grande a expectativa de todos nós, mesmo os que não se reconhecem nas cores laranja e/ou azul, "torcendo" e cruzando os dedos, e muito, para que se não confirmasse que todos os males que andavam à volta da política se viessem a verificar novamente, remetendo-nos a todos para a máxima de que, em Portugal, a democracia revela que o carácter das gentes da política é tão gelatinoso e tão entranhado nas células de todos os corpos, que só um regime não democrático poderá restaurar - à força e à paulada - os valores que são necessários e exigíveis e exigidos a quem governa um país, dito pobre, como o nosso.
Parece que a maior pobreza vem sempre do mesmo lado, e não é propriamente, nem dos mais pobres, nem sequer daqueles que se diz pertencerem à classe média.
Claro que podería estar a pensar (e muita gente já pensou e já o disse, por exemplo AQUI ) em outras razões para se contratar alguém com uma remuneração mensal acima, muiiito acima, do que é normal para o cargo, mas nem vou falar delas. Fico-me pela justificação do ministro Álvaro Santos Pereira: a pessoa em causa, coitadinha, está a perder 50 mil para estar a desempenhar as funções.
Oh senhor ministro, então e se estivesse a perder 100 mil, ou 200 mil, quanto é que lhe ia arbirtrar para vencimento mensal?
Então, mas V.Exª acha-se assim tão inteligente e ao resto de todos nós, incluindo aos deputados a quem deu essa justificação (menos os da cor, claro), tão burros? Já é o segundo ministro deste governo a demonstrar tal complexo de superioridade. Já são demais e em tão pouco tempo!
Afinal, quem aceita os lugares de serviço público tão nobre, como o de governar um país (neste caso refiro-me aos chefes de gabinete, mas podem-se incluir todos os que fazem parte das equipas ministeriais), fá-lo em função de uma contabilidade de Perdas e Ganhos pessoais? Imediatas? Sim, porque das mediatas, pelo andar da carruagem, também já podemos imaginar o que vai acontecer assim que começarem a sair dos cargos.
IRRRRAAAAA!
Volta José Sócrates que, não tarda, tens a maioria absoluta contigo!
Estás perdoado!
Afinal, todos os males estão nos genes das gentes lusas e não há volta a dar a isto.

Monday, 1 August 2011

A Casa da Restinga


Tinha prometido vir falar, novamente, de um amigo e, muito especialmente, da sua última obra intitulada “A Casa da Restinga”. O livro lê-se de corrida e, pelo menos para mim, mas acho que, pelo menos, para quem tem o Lobito e Angola no coração, como é o meu caso, foi e será uma boa experiência.
Por motivos que, infelizmente, não posso dizer que me são alheios, embora involuntários (uma falha minha levou-me a clicar no link de uma mensagem electrónica, cuja indicação do remetente me devia ter colocado de sobreaviso, e... aconteceu: computador em muletas a ir para os técnicos. Em tempo de férias, é sabido que leva sempre mais dias a regressar com os ossos “quase” todos no sítio), fizeram com que só agora voltasse a esta minha página.
“A Casa da Restinga” tem no estilo romance, com que vem anunciado, o seu pano de fundo para, por ele, o autor discorrer a matéria principal, o seu objectivo, num misto ora de discurso histórico ficcionado, embora assente em pesquisas documentais, ora de discurso opinativo, passando a sua perspectiva pessoal e crítica acerca da história política, militar, social e económica de Angola, ora, muito indirectamente, de discurso sentimental e descritivo dos locais e modos de vida lobitangas mais ou menos actualizados, com certeza mais assente em vivências de terceiras pessoas que por lá ainda permanecem ou por lá permaneceram até mais tarde, do que por vivência própria. Isto digo eu.
Do título do livro poderia induzir-se que toda a trama se desenrolaria na Restinga. Não é assim. Somos também levados a outros cantos, nomeadamente, à Baía Azul, a maravilhosa praia azul-esmeralda de Benguela.
A Restinga é um bairro da cidade do Lobito, Angola, que se estende pela restinga ali existente e que foi sendo aumentada ao longo de anos, desde a zona da Colina do Sol, uma obra de arte da engenharia civil, até ao Farol, na ponta oposta.
O Lobito não necessitaria da Restinga para ser considerada a “Sala de Visitas de Angola”, mas aquela língua de areia e rocha mar adentro, atirando para um lado o mar com ondulação forte a perder-se num horizonte sem fim e, para o outro lado, o que dele restava amansado em forma de piscina, permitiu a que no meio se tivesse construído aquele bairro – A Restinga, acrescentou um considerável grau de beleza à cidade. Foi aí que, durante o período colonial, se ergueu o bairro mais chique da cidade e que ainda hoje, ao que sei, mantém a sua velha beleza sempre jovem. Foi esse o bairro escolhido pelo autor para fazer passar a maior parte da trama.
Não podia passar sem vos deixar algumas palavras de apresentação do livro, que o autor me endereçou quando do lançamento:

É um livro que escrevi com paixão, força e até traição. Também como ajuste de contas com a História, pois falo de guerra e de paz. Uma história de amor e de dor. Um livro resistente que suporta o sal das minhas lágrimas. Um livro de memórias de um tempo que foi o nosso e dos outros que por lá ficaram em Angola. Com revelações e confissões. Cheio de vida. Uma tentação para quando só nos resta a imaginação.
Carlos Ganhão


Deixou-me intrigado aquela afirmação de que o livro tinha sido escrito com ... “até traição”. E assim continuo, embora tenha já uma justificação. Assim que estiver com ele não vou perder a hipótese de o questinonar sobre essa parte, até porque ...“cada cabeça, sua sentença”.
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