Monday, 31 December 2012

2012 ESTÁ-SE A APAGAR, VENHA 2013

Ao longo da minha vida, mas desde muito cedo, tenho tido um crescente desprezo pela maioria das convenções, quaisquer que sejam a natureza das mesmas.
Claro que mais de umas que de outras, que o desprendimento das raízes não se dá de uma só vez.
E sim, claro, nem sempre praticando o desprezo que me merecem, porque a carga social que me rodeia não mas deixa ignorar. Cremos, ouvimos e lemos.
Num longínquo dia de 4 de Outubro de 1582, uma Quinta-feira, do então praticado Calendário Juliano (que por sua vez já tinha feito mais do mesmo), as pessoas deitaram-se à noite em lareiras que começavam a aquecer o tempo frio que se iniciava por esta Europa, para acordar, na manhã seguinte, numa Sexta-feira (la Palisse não o diria melhor) mas, pasme-se, com o calendário a marcar o dia 15 de Outubro.
As pessoas, numa dormida, deixaram de viver 10 dias. Ou, numa perspectiva positiva, em menos de um segundo, viveram dez dias.
Desde então, o Calendário Gregoriano foi avançando por este mundo que Deus nos deu, e foi-se impondo às regras do Universo, muito menos mesquinho na forma de contar o tempo, que não se deixa levar por uma contagem cíclica, com tons de música linear, como se as “Spring, Summer, Winter and Fall” marcassem as células que nos matam aos poucos e determinassem o indeterminável.
Hoje, mas podia ser só daqui a uns dez dias, ou podia ter sido a 21 de Dezembro, ou noutro dia, consoante a hora e o local religioso que estivermos a praticar, convenciou a Bula Papal Inter Gravissimas, de Gregório XIII, lançada ao vento a 24 de Fevereiro de 1582, que vamos todos encher a internet com despedidas de 2012 e passarmos as badaladas das 12 passas de uva para 2013.
Em cima de uma cadeira, com um pé no ar, com muito champagne, algumas bebedeiras, umas leves, outras de caixão à cova, muitos abraços e sorrisos e alegrias, entre abraços e beijinhos entre amigas e amigos e caras que nunca vimos, tudo num desafio de ficção universal.
Afinal, nada mais se passará que um relógio a marcar compassos de segundos em sequência precisa, monótona e chata, sessenta serão eles, a que se seguirão outros tantos de cada vez.
E eis que, entre o último sexagésimo segundo do convencionado 2012 e o primeiro dos primeiros sessenta segundos do convencionado 2013, se ouvirão tambores a rufar, cores a explodir pelos céus, música a obrigar os corpos a rolar, algum dinheiro gasto para isso, para alguns muito dinheiro gasto.
Afinal, no relógio, nada mais se passará de diferente dos restantes dias.
Será mais um novo dia, desta vez com o peso de um Novo Ano na contagem do Gregório, que vai levar muita gente a chamá-lo, noite fora e dia dentro.
Saiam bem deste traiçoeiro 2012 que nos foi imposto, preparem-se para o imposto e os impostos que chegam com o convencionado 2013.
Vamos à festa?
Tenham uma boa saída de 2012 e votos de um 2013 sem ciclos, nem linearidades.


Thursday, 26 July 2012

A divagar se vai longe - 1

O Rei-Artista, para os amigos mais íntimos Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gota-Koháry, tinha que vir lá de longe, donde têm a mania que somos periféricos, atrasados, sub-desenvolvidos, dum país de África que nasceu na Europa.
Porque não nos conhecem, nem conhecem África.
Só pode ser.
Ou será que nós é que pensamos que eles pensam isso?!
Para mal dos nossos pecados, resolveu dedicar-se a fazer coisas que por cá já de há muito não se voltavam a fazer.
E fez esta maravilha, a partir das cinzas.
Ainda bem que veio de longe. Ah como detesto invejosos!
Fernando, pá, volta de novo, e diz aos actuais mandões que, quem quiser vir fazer coisas neste país, não precisa ficar lá fora, nem mandar cá para dentro.
Que este mundo não é só política e dinheiro.

Maravilha magnética do romantismo, que não deixa ninguém indiferente.

Palácio Nacional da Pena - Sintra.DSC04000

Wednesday, 4 July 2012

Guincho - CASCAIS

Um guincho para todos:

                                          - TODOS PARA O GUINCHO!

Tuesday, 5 June 2012

Volvo Ocean Race in Lisbon - 2012 (updated)

A Marina da Doca Pesca está engalanada. As máquinas, ontem, estavam a fazer manutenção, preparando-se para a próxima etapa.

Thursday, 24 May 2012

Vista da outra banda...

... Lisboa mantém-se bonita. Talvez, até, ainda mais bonita.

Tuesday, 1 May 2012

1º de Maio, dia dos trabalhadores aflitos

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BALADA DOS AFLITOS

Irmãos humanos tão desamparados
a luz que nos guiava já não guia
somos pessoas – dizeis – e não mercados
este por certo não é tempo de poesia
gostaria de vos dar outros recados
com pão e vinho e menos mais-valia.

Irmãos meus que passais um mau bocado
e não tendes sequer a fantasia
de sonhar outro tempo e outro lado
como António digo adeus a Alexandria
desconcerto do mundo tão mudado
tão diferente daquilo que se queria.

Talvez Deus esteja a ser crucificado
neste reino onde tudo se avalia
irmãos meus sem valor acrescentado
rogai por nós Senhora da Agonia
irmãos meus a quem tudo é recusado
talvez o poema traga um novo dia.

Rogai por nós Senhora dos Aflitos
em cada dia em terra naufragados
mão invisível nos tem aqui proscritos
em nós mesmos perdidos e cercados
venham por nós os versos nunca escritos
irmãos humanos que não sois mercados.

Manuel Alegre
Nada está escrito – D. Quixote, Lisboa 2012

Saturday, 14 April 2012

Plasencia - Espanha

E, ao terceiro dia, chegou a lufada de sol desejado!
Fui apanhar Plasencia, na Extremadura espanhola, em pleno domingo de Páscoa, com aglomerados de população nos locais por onde passava a procissão.
Aqui, os KKK vestiam de verde, talvez adivinhando o que se iria passar no dia seguinte em Lisboa.
Afinal, Lisboa ficava já ali ao lado, a caminho do borrego no forno, em Elvas, bichinho que marcha melhor quando se lhe dá um bom vinho alentejano onde possa nadar.


Friday, 13 April 2012

Ávila - Espanha

Ávila, no percurso que fiz ainda dentro da região de Castela e Leão, é uma cidade velha bem preservada, qualificativo que se aplica com maior justiça à sua maravilhosa muralha românica que circunda, totalmente,o centro histórico.
O tempo gelado tolheu-me os dedos e a máquina, as nuvens escuras escondeu a beleza que as poucas fotos que tirei deviam mostrar.
Fica para uma próxima vez..
Hasta pronto, Ávila.


Alcazar de Segovia - Espanha

Segovia esperava-me com cara de poucos amigos.
Já há muito tempo não sabia o que era calçar luvas. E tive que as ir comprar, ali mesmo ao lado onde o frio se começou a sentir, à saída do veículo quentinho que até lá me levou.
O preço? Qualquer que ele fosse, comprava-as. Quem estava atrás do balcão sabia disso. Meia dúzia de metros depois, confirmei. Por metade do preço, se não eram totalmente iguais, pouco diferentes seriam.
Objectivo principal da fuga ao frio - desculpem, queria dizer, da visita apressada pelo frio - o monumental edifício Alcazar.
As fotos quase se limitam ao seu interior e, mesmo assim, são poucas.
Numa próxima visita, quando o sol aquecer aquele frio, voltarei, que a cidade merece.


Thursday, 12 April 2012

Salamanca - Centro histórico

Fim de semana da Páscoa.
Muito frio, muita chuva, algumas vezes sob a forma de neve, céu a voar baixinho, carregado de negro de fumo, corridas a fugir pelos intervalos das pingas.
Procissões que não se viram, acólitos armados em KKK, mas mais coloridos, de bebés a idades que já mereciam ter juízo, sons de missa e de rezas em alta-voz no meio de pedras erguidas nos tempos cheios de história.
Nos meus tempos de liceu, tive um professor oriundo do Seminário de Salamanca, diziam.
Ao calcorrear as pedras das calçadas por Salamanca, lembrei-me do "Professor Abelha".

Pega-Rabuda

Apanhada nas margens do rio Tormes, em Salamanca.

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Monday, 2 April 2012

Por terras de Santarém

O Tejo, a lezíria, paisagens bucólicas e urbanas, mas não muito.

Sunday, 1 April 2012

Elevador da Bica - Bairro Alto, Lisboa

Elevador da Bica.
Vida a dois.
Sempre aos pares.
Embora sempre em sentidos opostos, uma vez subindo, outra descendo, sem orgulhos bacocos o par percorre um caminho nem sempre único, "conscientes" que, quando um se afasta do caminho do outro, é para mais facilmente ambos alcançarem a tarefa para que vieram ao mundo.
E assim vão vivendo felizes desde há muitas décadas.

Thursday, 22 March 2012

GREVE GERAL

"O Grito", de Eduard Munch (apanhado pela net)
Escolas que estão abertas, mas a funcionar deficientemente, mas a funcionar, estão em greve geral?
Transportes públicos que estão em greve geral e que são pontos cruciais da e para a mesma, mas que estão parcialmente a funcionar, estão em greve geral?
Polícias sindicalizadas, que se presume estarem em greve, porque a greve é geral, mas que continuam a exercer as suas funções, estão em greve geral?
Os sindicatos e centrais, que dizem ter organizado a greve geral, mas aparecem a dar entrevistas aos meios de comunicação e a fornecer números a esmo ("... sim, houve grande adesão nesse sector, que será entre 70, 85 e 90% ..."), só dizem isto por estarem em greve geral?
O país que, desde sempre, se diz ser preguiçoso, estar povoado de piegas, deficiente eterno na produtividade, com empresários que pouco "empresariam" e muito embolsam, encontra-se em greve geral desde quando?
E quando é que os líderes das organizações sindicais darão a entender aos partidos políticos que os partidos não se devem envolver nas organizações sindicais, que entendem que os sindicatos devem percorrer caminhos distintos e, se necessário for, em confronto com os partidos, sem dependência nem colagem a qualquer que ele seja? Que o movimento sindical já não é nem pode ser o que era no início do século passado, que a revolução de 1917 já ninguem sabe o que é e o que foi, que os caminhos sindicais não podem cair na margem do conflito de interesses, porque só o será quando tiver que defender interesses próprios?
Hoje há GREVE GERAL?
E deveria haver ou não?