Tuesday, 1 May 2012

1º de Maio, dia dos trabalhadores aflitos

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BALADA DOS AFLITOS

Irmãos humanos tão desamparados
a luz que nos guiava já não guia
somos pessoas – dizeis – e não mercados
este por certo não é tempo de poesia
gostaria de vos dar outros recados
com pão e vinho e menos mais-valia.

Irmãos meus que passais um mau bocado
e não tendes sequer a fantasia
de sonhar outro tempo e outro lado
como António digo adeus a Alexandria
desconcerto do mundo tão mudado
tão diferente daquilo que se queria.

Talvez Deus esteja a ser crucificado
neste reino onde tudo se avalia
irmãos meus sem valor acrescentado
rogai por nós Senhora da Agonia
irmãos meus a quem tudo é recusado
talvez o poema traga um novo dia.

Rogai por nós Senhora dos Aflitos
em cada dia em terra naufragados
mão invisível nos tem aqui proscritos
em nós mesmos perdidos e cercados
venham por nós os versos nunca escritos
irmãos humanos que não sois mercados.

Manuel Alegre
Nada está escrito – D. Quixote, Lisboa 2012

3 comments:

Anonymous said...

Amen, al poema.
La foto, muy buena, esta ave parece tener una nariz semejante a la del mono narigudo.
Carmen

Anonymous said...

He enregistrado la foto.
Carmen

AGRIDOCE said...

Muchas gracias, Carmen.