Wednesday 2 December 2015

Nada como ver alguém fazer um auto-desafio de volta a este combóio a vapor da net.
Lenta, lentamente, voltarei, até conseguir dar uma velocidade razoável ao meu.

Thursday 17 January 2013

17 de Janeiro de ... ...


Ciclicamente, visito cristalinamente este dia.
Foi em momentos que se situam entre as 17:00 e as 17:30.
Foram antecipados por vários momentos de preocupação, especialmente durante as últimas semanas, porque se levantou um problema para o que, naqueles tempos, era bem real, tão real quanto a inexistência dos meios de diagnóstico e de terapia preventiva que actualmente existem.
Dizia o médico:
- Há que estar atento, logo nos primeiros segundos de vida, a uma rápida análise de sangue para determinar o RH e, se necessário, aplicar o tratamento específico, sob pena de um ou ambos perecerem. E mesmo assim...
Era encorajador para um jovem e uma jovem que iriam ter essa sua primeira experiência única de vida, mesmo que se pudesse repetir mais do que uma vez, ouvir isto da boca de um conceituado médico! UFF!
Foi entre as 17:00 e as 17:30, e eu não estava presente no local, porque não era aceitável, naquele tempo.
Mas também porque coincidiram outras preocupações no mesmo tempo.
Na semana anterior, tinha saído em Ordem de Serviço a minha mobilização para um destacamento, a cerca de meio milhar de quilómetros.
Momento para a saída da coluna marcada para a meia-noite do mesmo dia. E aí, não era admissível que eu não estivesse. Havia que preparar a partida.
A outra é que, com as atribulações que ela pressentia estarem quase a acontecer desde o dia anterior, o meu estômago não sabia o que era eu comer, o que quer que fosse, e o meu descanso não sabia o que era eu dormir um segundo desde as últimas 48 horas.
Enrolado pela conversa do médico, ausentei-me por não mais do que 45 minutos, para poder ir a casa comer qualquer coisa.
Disse ele - seriam umas 16:45 - que nada iria acontecer antes de passarem muitas horas.
Cheguei às 17:30, mais minuto, menos minuto, e encontrei “uma coisa” morena, cabeluda que parecia não ter visitado o barbeiro nos últimos 9 meses, “cabeça afiada” que parecia ter sido criado com uma prensa na cabeça, pele enrugada, dormindo tão profundamente que parecia estar a recuperar do sono que eu não tinha tido. Enfim, uma horrível miniatura de pessoa, como, aliás, são os bebés à nascença, para quase todos os pais.
Um “pilas”.
Com voz autoritária, e fininha do sentimento do momento, como militar “dei ordem” para que mulher e sogra tratassem de dar àquela cabeça um ar apresentável.
Foi em momentos que se situam entre as 17:00 e as 17:30.
Foi a 17 de Janeiro de 1974.
Ontem, portanto.
Assim que tive que sair do hospital, apressei-me a juntar três amigos do peito e, em minha casa, lá fomos falando com os copos de 4 garrafas de whisky - daquele que era mais barato que água, que era uma das poucas boas coisas que o serviço militar nos oferecia – e fui-me preparando para os tempos de ausência do “cabeça afiada”. Uns muito longos dois meses, até ao meu primeiro desenfianço do destacamento.
Saí quase de rastos directamente para o quartel, mas um dos outros, nem isso. Teve mesmo que ser arrastado.
Para mim, continua o pilas de ontem, só que, agora, longe. A distância do tempo leva-me a mim mais rápido do que a ele. A ordem natural dita que o ontem, para ele, é hoje, enquanto para mim já está em fim de linha.
Nem por isso deixo de sentir o orgulho do filho que tenho porque - com vossa licença - nenhum de vós tem um filho a merecer tanto orgulho como o meu.
Daria tudo para que o tempo me levasse novamente à cidade Sá da Bandeira/Lubango, a 1974, e a estes trinta e nove anos passados, esperando que, ciclicamente, possa vir a repetir este momento por muitos mais, mesmo que só de longe o possa observar, onde quer que esse longe se situe.
A ti Paulo, tudo de bom na tua vida.
Um abraço de amigo e de pai.
Para ela, o meu obrigado por ter dado metade, mais 100%, de si, para e por este pilas de que nos orgulhamos tanto.

Tuesday 1 January 2013

2013 já nos bateu à porta

Já fui apanhar ar fresco.
Está saturado do ano anterior.
Acho que o país acordou a dormir, neste novo 1º dia, deste novo ano.
Ai de quando acordar do sono!
Vai ser de pesadelos.
O primeiro dia de um novo ano pode ser tão bom como outro qualquer, para começar uma nova vida velha.
Não se iludam.
As inconstitucionalidades são as antigas, sempre parecidas com as outras, embora nunca iguais, porque o sacanço começou cedo, logo que as utopias se reconverteram em realidade, mas viu sempre o seu índice a aumentar. Vá, está bem, foi mesmo antes disso.
E não nos esqueçamos: a primeira grande inconstitucionalidade foi ter-se criado um sistema para o qual o país não estava constituído.
O 25 de Abril nem sequer viu o rascunho preparado em papel pardo.
Deu flores de um vermelho tão lindo mas, por isso mesmo, demasiado feminino, demasiado sentimental, demasiado coronário para se chamar revolução de militares.
Militar que se preze tem barba de cima a baixo, anda de arma aperreada, faz planos estratégicos e de acção, conta canos e almas, sabe onde e quem são os corpos que vão levar a alma nacional à podridão.
Não os deixa germinar.
E deixou que nascessem democracias a mais, para este povo que tinha amargurado 50 anos de cada vez, desde que o nosso Afonso puxou da estalada maternal, sempre em silêncio, sempre sem saber pensar, sempre sem poder pensar, sem nunca ter aprendido a decidir, sempre deixando às linhas azuis que se decidissem por ele.
Já fui apanhar ar fresco, mas acho que ainda estou com pesadelos do ar saturado do velho ano.
Ai de quando acordar!


Monday 31 December 2012

2012 ESTÁ-SE A APAGAR, VENHA 2013

Ao longo da minha vida, mas desde muito cedo, tenho tido um crescente desprezo pela maioria das convenções, quaisquer que sejam a natureza das mesmas.
Claro que mais de umas que de outras, que o desprendimento das raízes não se dá de uma só vez.
E sim, claro, nem sempre praticando o desprezo que me merecem, porque a carga social que me rodeia não mas deixa ignorar. Cremos, ouvimos e lemos.
Num longínquo dia de 4 de Outubro de 1582, uma Quinta-feira, do então praticado Calendário Juliano (que por sua vez já tinha feito mais do mesmo), as pessoas deitaram-se à noite em lareiras que começavam a aquecer o tempo frio que se iniciava por esta Europa, para acordar, na manhã seguinte, numa Sexta-feira (la Palisse não o diria melhor) mas, pasme-se, com o calendário a marcar o dia 15 de Outubro.
As pessoas, numa dormida, deixaram de viver 10 dias. Ou, numa perspectiva positiva, em menos de um segundo, viveram dez dias.
Desde então, o Calendário Gregoriano foi avançando por este mundo que Deus nos deu, e foi-se impondo às regras do Universo, muito menos mesquinho na forma de contar o tempo, que não se deixa levar por uma contagem cíclica, com tons de música linear, como se as “Spring, Summer, Winter and Fall” marcassem as células que nos matam aos poucos e determinassem o indeterminável.
Hoje, mas podia ser só daqui a uns dez dias, ou podia ter sido a 21 de Dezembro, ou noutro dia, consoante a hora e o local religioso que estivermos a praticar, convenciou a Bula Papal Inter Gravissimas, de Gregório XIII, lançada ao vento a 24 de Fevereiro de 1582, que vamos todos encher a internet com despedidas de 2012 e passarmos as badaladas das 12 passas de uva para 2013.
Em cima de uma cadeira, com um pé no ar, com muito champagne, algumas bebedeiras, umas leves, outras de caixão à cova, muitos abraços e sorrisos e alegrias, entre abraços e beijinhos entre amigas e amigos e caras que nunca vimos, tudo num desafio de ficção universal.
Afinal, nada mais se passará que um relógio a marcar compassos de segundos em sequência precisa, monótona e chata, sessenta serão eles, a que se seguirão outros tantos de cada vez.
E eis que, entre o último sexagésimo segundo do convencionado 2012 e o primeiro dos primeiros sessenta segundos do convencionado 2013, se ouvirão tambores a rufar, cores a explodir pelos céus, música a obrigar os corpos a rolar, algum dinheiro gasto para isso, para alguns muito dinheiro gasto.
Afinal, no relógio, nada mais se passará de diferente dos restantes dias.
Será mais um novo dia, desta vez com o peso de um Novo Ano na contagem do Gregório, que vai levar muita gente a chamá-lo, noite fora e dia dentro.
Saiam bem deste traiçoeiro 2012 que nos foi imposto, preparem-se para o imposto e os impostos que chegam com o convencionado 2013.
Vamos à festa?
Tenham uma boa saída de 2012 e votos de um 2013 sem ciclos, nem linearidades.


Thursday 26 July 2012

A divagar se vai longe - 1

O Rei-Artista, para os amigos mais íntimos Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gota-Koháry, tinha que vir lá de longe, donde têm a mania que somos periféricos, atrasados, sub-desenvolvidos, dum país de África que nasceu na Europa.
Porque não nos conhecem, nem conhecem África.
Só pode ser.
Ou será que nós é que pensamos que eles pensam isso?!
Para mal dos nossos pecados, resolveu dedicar-se a fazer coisas que por cá já de há muito não se voltavam a fazer.
E fez esta maravilha, a partir das cinzas.
Ainda bem que veio de longe. Ah como detesto invejosos!
Fernando, pá, volta de novo, e diz aos actuais mandões que, quem quiser vir fazer coisas neste país, não precisa ficar lá fora, nem mandar cá para dentro.
Que este mundo não é só política e dinheiro.

Maravilha magnética do romantismo, que não deixa ninguém indiferente.

Palácio Nacional da Pena - Sintra.DSC04000

Wednesday 4 July 2012

Guincho - CASCAIS

Um guincho para todos:

                                          - TODOS PARA O GUINCHO!

Tuesday 5 June 2012

Volvo Ocean Race in Lisbon - 2012 (updated)

A Marina da Doca Pesca está engalanada. As máquinas, ontem, estavam a fazer manutenção, preparando-se para a próxima etapa.

Thursday 24 May 2012

Tuesday 1 May 2012

1º de Maio, dia dos trabalhadores aflitos

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BALADA DOS AFLITOS

Irmãos humanos tão desamparados
a luz que nos guiava já não guia
somos pessoas – dizeis – e não mercados
este por certo não é tempo de poesia
gostaria de vos dar outros recados
com pão e vinho e menos mais-valia.

Irmãos meus que passais um mau bocado
e não tendes sequer a fantasia
de sonhar outro tempo e outro lado
como António digo adeus a Alexandria
desconcerto do mundo tão mudado
tão diferente daquilo que se queria.

Talvez Deus esteja a ser crucificado
neste reino onde tudo se avalia
irmãos meus sem valor acrescentado
rogai por nós Senhora da Agonia
irmãos meus a quem tudo é recusado
talvez o poema traga um novo dia.

Rogai por nós Senhora dos Aflitos
em cada dia em terra naufragados
mão invisível nos tem aqui proscritos
em nós mesmos perdidos e cercados
venham por nós os versos nunca escritos
irmãos humanos que não sois mercados.

Manuel Alegre
Nada está escrito – D. Quixote, Lisboa 2012

Saturday 14 April 2012

Plasencia - Espanha

E, ao terceiro dia, chegou a lufada de sol desejado!
Fui apanhar Plasencia, na Extremadura espanhola, em pleno domingo de Páscoa, com aglomerados de população nos locais por onde passava a procissão.
Aqui, os KKK vestiam de verde, talvez adivinhando o que se iria passar no dia seguinte em Lisboa.
Afinal, Lisboa ficava já ali ao lado, a caminho do borrego no forno, em Elvas, bichinho que marcha melhor quando se lhe dá um bom vinho alentejano onde possa nadar.


Friday 13 April 2012

Ávila - Espanha

Ávila, no percurso que fiz ainda dentro da região de Castela e Leão, é uma cidade velha bem preservada, qualificativo que se aplica com maior justiça à sua maravilhosa muralha românica que circunda, totalmente,o centro histórico.
O tempo gelado tolheu-me os dedos e a máquina, as nuvens escuras escondeu a beleza que as poucas fotos que tirei deviam mostrar.
Fica para uma próxima vez..
Hasta pronto, Ávila.


Alcazar de Segovia - Espanha

Segovia esperava-me com cara de poucos amigos.
Já há muito tempo não sabia o que era calçar luvas. E tive que as ir comprar, ali mesmo ao lado onde o frio se começou a sentir, à saída do veículo quentinho que até lá me levou.
O preço? Qualquer que ele fosse, comprava-as. Quem estava atrás do balcão sabia disso. Meia dúzia de metros depois, confirmei. Por metade do preço, se não eram totalmente iguais, pouco diferentes seriam.
Objectivo principal da fuga ao frio - desculpem, queria dizer, da visita apressada pelo frio - o monumental edifício Alcazar.
As fotos quase se limitam ao seu interior e, mesmo assim, são poucas.
Numa próxima visita, quando o sol aquecer aquele frio, voltarei, que a cidade merece.


Thursday 12 April 2012

Salamanca - Centro histórico

Fim de semana da Páscoa.
Muito frio, muita chuva, algumas vezes sob a forma de neve, céu a voar baixinho, carregado de negro de fumo, corridas a fugir pelos intervalos das pingas.
Procissões que não se viram, acólitos armados em KKK, mas mais coloridos, de bebés a idades que já mereciam ter juízo, sons de missa e de rezas em alta-voz no meio de pedras erguidas nos tempos cheios de história.
Nos meus tempos de liceu, tive um professor oriundo do Seminário de Salamanca, diziam.
Ao calcorrear as pedras das calçadas por Salamanca, lembrei-me do "Professor Abelha".

Pega-Rabuda

Apanhada nas margens do rio Tormes, em Salamanca.

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Monday 2 April 2012

Por terras de Santarém

O Tejo, a lezíria, paisagens bucólicas e urbanas, mas não muito.

Sunday 1 April 2012

Elevador da Bica - Bairro Alto, Lisboa

Elevador da Bica.
Vida a dois.
Sempre aos pares.
Embora sempre em sentidos opostos, uma vez subindo, outra descendo, sem orgulhos bacocos o par percorre um caminho nem sempre único, "conscientes" que, quando um se afasta do caminho do outro, é para mais facilmente ambos alcançarem a tarefa para que vieram ao mundo.
E assim vão vivendo felizes desde há muitas décadas.

Thursday 22 March 2012

GREVE GERAL

"O Grito", de Eduard Munch (apanhado pela net)
Escolas que estão abertas, mas a funcionar deficientemente, mas a funcionar, estão em greve geral?
Transportes públicos que estão em greve geral e que são pontos cruciais da e para a mesma, mas que estão parcialmente a funcionar, estão em greve geral?
Polícias sindicalizadas, que se presume estarem em greve, porque a greve é geral, mas que continuam a exercer as suas funções, estão em greve geral?
Os sindicatos e centrais, que dizem ter organizado a greve geral, mas aparecem a dar entrevistas aos meios de comunicação e a fornecer números a esmo ("... sim, houve grande adesão nesse sector, que será entre 70, 85 e 90% ..."), só dizem isto por estarem em greve geral?
O país que, desde sempre, se diz ser preguiçoso, estar povoado de piegas, deficiente eterno na produtividade, com empresários que pouco "empresariam" e muito embolsam, encontra-se em greve geral desde quando?
E quando é que os líderes das organizações sindicais darão a entender aos partidos políticos que os partidos não se devem envolver nas organizações sindicais, que entendem que os sindicatos devem percorrer caminhos distintos e, se necessário for, em confronto com os partidos, sem dependência nem colagem a qualquer que ele seja? Que o movimento sindical já não é nem pode ser o que era no início do século passado, que a revolução de 1917 já ninguem sabe o que é e o que foi, que os caminhos sindicais não podem cair na margem do conflito de interesses, porque só o será quando tiver que defender interesses próprios?
Hoje há GREVE GERAL?
E deveria haver ou não?