Saturday 30 April 2011

Outras ingenuidades mais sérias, ou talvez não

"Constituição da República Portuguesa
Artigo 162.º
Competência de fiscalização
Compete à Assembleia da República, no exercício de funções de fiscalização:
a) Vigiar pelo cumprimento da Constituição e das leis e apreciar os actos do Governo e da Administração ;
b) ... ;
c) ... ;
d) Tomar as contas do Estado e das demais entidades públicas que a lei determinar, as quais serão apresentadas até 31 de Dezembro do ano subsequente, com o parecer do Tribunal de Contas e os demais elementos necessários à sua apreciação;
e) Apreciar os relatórios de execução dos planos nacionais.
"


Alguém me sabe explicar porque é que os Partidos Políticos com assento na Assembleia da República desde há décadas, os Deputados com cadeiras de couro já gasto pelas milhares de vezes que lá botaram os seus assentos para garantirem reformas douradas por antecipação e demais mordomias, e as figuras que a ela e eles estiveram ligados, aguardaram pela chegada dos ditos Senhores da Tróika, por definição senhores que vieram de fora, para fazer o "banzé" que andam a fazer, quer nos meios de comunicação, quer com cartas e recados, especialmente os dirigidos aos "tais de fora", sobre o estado das contas do Estado, como se tal realidade fosse uma coisa que aconteceu em uma ou duas semanas anteriores ao banzé??????

Olho para o espectáculo e fazem-me lembrar prostitutas com carteiras profissionais passadas há anos e já gastas por tanto uso, a gritarem a todos os ventos que são virgens puras e só agora estão a sentir, por simpatia para com aqueles que realmente se sentem "sem protecção rectal", a violação criminosa que é um Estado incumprir (com a maioria da parte que forma a contraparte) o contrato social que há muito firmou com os cidadãos.

Haja vergonha!!

Friday 29 April 2011

Ingenuidades


Podes viajar para o outro lado do mundo, podes esconder-te no canto mais escuro de uma profunda caverna, ou colocares-te disfarçada atrás de uma máscara assustadora.

A mim, basta-me um pensamento para logo te ver e sentir.
AGRIDOCE, in Umtuganatuga
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Sunday 17 April 2011

Aqueduto das Águas Livres, Lisboa.

Olhares a partir de Monsanto sobre as Amoreiras.


Olhares verdes por Monsanto, em Lisboa ...

... mas com cor.

"From my rotting body, flowers shall grow and I am in them and that is eternity."
Thomas Moore (1779 – 1852)

Tuesday 12 April 2011

Por tierras de España - Sevilla, Jerez y Sanlúcar - Flashes


São só meia dúzia de olhares, meia dúzia de flashes onde os de Sevilha são preponderantes, alguns de Jerez de la Frontera e há só um de Sanlúcar de Barrameda.

Sanlúcar de Barrameda
Até era o destino principal, nem tanto pela cidade em si, mas como plataforma de entrada e saída do Parque Nacional de Doñana.
Um desencontro de horas entre o meu relógio e as do barco (que acabara de sair, perdido por um ou dois minutos), talvez o momento do calendário (em que a afluência de visitantes ainda não justifica a introdução de mais saídas de barcos) e a má preparação da visita em si mesmo (confiei que nunca iria ter esse problema e, por isso, não olhei em pormenor como as coisas funcionam) levaram-me a entrar e sair de Sanlúcar tão rápido que nem deu para grandes olhares. Já quase fora dos seus limites, ainda parei para captar uma rolante e preciosa peça de museu, um Ford A, à porta de um estabelecimento de "sucatas".

Jerez de la Frontera
Achei-a um pouco escura a mais, meio necessitada de obras de reabilitação da parte velha, afinal, a que mais interessa visitar. Ainda por cima, apanhei quase tudo fechado (era domingo cedo). Foram alguns olhares a mais que Sanlúcar, mas não muitos. Ficou-me a ideia que será uma cidade a incluir novamente no roteiro, porque me pareceu ter muitas potencialidades turísticas.

Sevilla
Quedei-me um pouco mais por Sevilha. Duas, três, quatro voltas ao antigo perímetro onde passei umas quantas horas em filas sem fim, aquando da Exposição Universal de Sevilha, de 1992. Já me tinham contado que o espaço luta por voltar a viver mas... a luta continua, e não parece ter fim num curto horizonte. É uma pena. Mas é uma cidade que merece sempre mais uma visita. Os meus olhares de hoje começam por Sevilha.

Até à próxima.

Monday 4 April 2011

Por tierras de España - Cadiz


Cadiz ficou-me gravada na memória, já lá vão uns vinte e tal anos, e não foi pelas melhores razões. Fui fazer as pazes com a cidade.

Já se viam os festejos da Páscoa que se avizinha, com ensaios em cada canto e espaços a serem preparados para as procissões; a noite, como as noites em toda a Espanha, tem uma vida prenhe, com as ruas e vielas cheias de juventude dos oito aos oitenta; vi jovens trajados de uma forma estranha, que não consegui determinar, com toda a certeza, se eram trajes ocasionais ou eram permanentes, ligados a um status específico. Até porque algumas pessoas de idade mais ou menos avançada também estavam sintonisadas na mesma onda. Apreciei as entradas dos edifícios da parte antiga, com mosaicos estilo árabe.

Aqui ficam alguns olhares de Cadiz

Friday 1 April 2011

Ergue-te de novo, oh Portugal milenar!


Esta República (leia-se, regime iniciado em Abril de 1974) já deu o que tinha a dar.

A culpa foi dos capitães de Abril que se lançaram numa aventura a que chamaram revolução, sem prepararem "A Revolução", não medindo as consequências aos diversos níveis que necessariamente deveria ter sido fácil perceber iria verificar-se. Deixaram-nos de positivo a Democracia, mas a que preço, Deus meu!

A culpa foi dos presidentes da república, de todos os que tivemos até ao actual, que exerceram a primeira magistratura a olhar para a segunda, e nesta a tentarem ser primeiros ministros.

A culpa foi dos primeiros ministros e dos ministros e restantes equipas dos seus governos, de todos os que tivemos até aos actuais, porque parece terem aceite a tarefa, que devia ser a de governar a coisa pública, para fazerem política baixa e de clientelas garantidas, em vez das necessárias, por mais duras que fossem, propiciando a que comunidade portuguesa levantasse de um voo rasteiro que o anterior regime lhes ensinara a voar; não a olhar para megalomanias irreais para um país como nosso, ainda por cima donde ficaram fumos (com poucas excepções) de, a coberto de medidas ditas a bem de toda a comunidade, só a alguns parece terem engordado.

A culpa foi dos parlamentares de todas as legislaturas, de todos os que tivemos até aos actuais, enquanto detentores do poder constitucional que lhes garantia poderem tomar as melhores medidas legislativas orientadoras para toda a comunidade, debatendo as situações com verdade e honestidade, sem recurso, sempre em crescendo, a chicana no discurso e nos objectivos.

A culpa tem sido dos partidos políticos que têm aparecido no nosso mosaico parlamentar porque, com o tempo, se tornaram todos iguais nos objectivos por que lutam (não disse ideais, porque nenhum parece já saber o que isso é), na forma de fazer politica, no discurso repetitivo e gasto de más provas dadas, mas sempre teimosos a dar mais do mesmo, violando leis de que foram a fábrica, o armazem e o estabelecimento comercial de venda ao consumo.

A culpa tem sido das taínhas que vivem nos e dos partidos políticos e, muito especialmente, de quem os deixa navegar à babugem.

A culpa tem sido das empresas corruptoras e dos corrompidos, que engordam ilícita e egoisticamente, quando as tarefas são, ou deveriam ser, de âmbito e interesse nacional. Dos que engoliram e ajudaram a engolir os milhões de euros que aportaram à costa nacional, sem deixar rasto de desenvolvimento de costumes, de educação, de investigação científica e de economia.

A culpa tem sido de quem intervém nos órgãos de comunicação social, porque saídos dos mesmo forno que está a acabar, pensaram que informar é dar palpites sem estudar, é lançar suspeitas sobre cidadãos sem investigar, é ficarem cegos pelos focos das cameras.

A culpa tem sido dos magistrados, dos judiciais e dos públicos, que também se deixaram enredar no turbilhão do tudo vale para ter um segundo de atenção na TV, na rádio e na imprensa.

A culpa tem sido de todos nós, novamente eles incluídos, porque temos preferido dar passos a descer, que são mais fáceis, mesmo que o fim da descida esteja ali mesmo à vista e a seguir se veja o precipício sem escapatória possível, a uma caminhada serra acima, mais longa, mais difícil, mas com futuro melhor e garantido; do melhor agora, mesmo que se esgote num segundo, do que trabalhar para um depois mais longo, conduta que foi assente na adquirida sensação de que se assim não for, "eles comem tudo e não deixam nada".

É tempo de mudança, é tempo de mudar de rumo, e muito rapidamente. Os 800 anos que temos da mais velha nação europeia estável nas fronteiras e na cultura, não serão garantia de que continuaremos a sê-lo nos próximos 800 minutos. O potente e pesado cilindro da globalização e do poder que o colocou nesta nova marcha, de há meia dúzia de anos, não nos vai perdoar e ficaremos todos esmagados.

É tempo de se pensar em eleger uma Assembleia Constituinte ex-novo, à parte da AR que deverá continuar em funções, pescada de gente que saiba e consiga pensar Portugal para lá de lutas partidárias, com o objectivo de pensar Portugal a longo prazo e um novo rumo a curto-médio prazo, para fundar uma nova democracia, assente em linhas claras, órgãos eficientes, administração pública magra mas funcionalmente definida, com as actividades privadas sem pecados públicos e vice-versa, com pessoas e cargos responsáveis, responsabilizáveis e responsabilizados, com educação massificada mas não embrutalhada, com saúde pública tendencialmente gratuita, porque a saúde é rigorosamente de interesse público, com magistrados que exerçam a justiça em vez de se lançarem em lutas de operariado e passadas partidárias, com autoridades policiais que o sejam e possam ser, sem abusar, uma nova democracia em que todos e cada um dos que nela estejam tenham imbuídos os sentimentos de partilha, trabalho, liberdade, responsabilidade sempre presentes, na certeza de que o que é bom para a comunidade portuguesa, vai e terá que ser bom para cada um dos que a ela pertence. Uma nova democracia da qual renasçam partidos políticos constituídos por gente que saiba por que eles existem e porque é que eles podem deixar de existir.