Monday 1 August 2011

A Casa da Restinga


Tinha prometido vir falar, novamente, de um amigo e, muito especialmente, da sua última obra intitulada “A Casa da Restinga”. O livro lê-se de corrida e, pelo menos para mim, mas acho que, pelo menos, para quem tem o Lobito e Angola no coração, como é o meu caso, foi e será uma boa experiência.
Por motivos que, infelizmente, não posso dizer que me são alheios, embora involuntários (uma falha minha levou-me a clicar no link de uma mensagem electrónica, cuja indicação do remetente me devia ter colocado de sobreaviso, e... aconteceu: computador em muletas a ir para os técnicos. Em tempo de férias, é sabido que leva sempre mais dias a regressar com os ossos “quase” todos no sítio), fizeram com que só agora voltasse a esta minha página.
“A Casa da Restinga” tem no estilo romance, com que vem anunciado, o seu pano de fundo para, por ele, o autor discorrer a matéria principal, o seu objectivo, num misto ora de discurso histórico ficcionado, embora assente em pesquisas documentais, ora de discurso opinativo, passando a sua perspectiva pessoal e crítica acerca da história política, militar, social e económica de Angola, ora, muito indirectamente, de discurso sentimental e descritivo dos locais e modos de vida lobitangas mais ou menos actualizados, com certeza mais assente em vivências de terceiras pessoas que por lá ainda permanecem ou por lá permaneceram até mais tarde, do que por vivência própria. Isto digo eu.
Do título do livro poderia induzir-se que toda a trama se desenrolaria na Restinga. Não é assim. Somos também levados a outros cantos, nomeadamente, à Baía Azul, a maravilhosa praia azul-esmeralda de Benguela.
A Restinga é um bairro da cidade do Lobito, Angola, que se estende pela restinga ali existente e que foi sendo aumentada ao longo de anos, desde a zona da Colina do Sol, uma obra de arte da engenharia civil, até ao Farol, na ponta oposta.
O Lobito não necessitaria da Restinga para ser considerada a “Sala de Visitas de Angola”, mas aquela língua de areia e rocha mar adentro, atirando para um lado o mar com ondulação forte a perder-se num horizonte sem fim e, para o outro lado, o que dele restava amansado em forma de piscina, permitiu a que no meio se tivesse construído aquele bairro – A Restinga, acrescentou um considerável grau de beleza à cidade. Foi aí que, durante o período colonial, se ergueu o bairro mais chique da cidade e que ainda hoje, ao que sei, mantém a sua velha beleza sempre jovem. Foi esse o bairro escolhido pelo autor para fazer passar a maior parte da trama.
Não podia passar sem vos deixar algumas palavras de apresentação do livro, que o autor me endereçou quando do lançamento:

É um livro que escrevi com paixão, força e até traição. Também como ajuste de contas com a História, pois falo de guerra e de paz. Uma história de amor e de dor. Um livro resistente que suporta o sal das minhas lágrimas. Um livro de memórias de um tempo que foi o nosso e dos outros que por lá ficaram em Angola. Com revelações e confissões. Cheio de vida. Uma tentação para quando só nos resta a imaginação.
Carlos Ganhão


Deixou-me intrigado aquela afirmação de que o livro tinha sido escrito com ... “até traição”. E assim continuo, embora tenha já uma justificação. Assim que estiver com ele não vou perder a hipótese de o questinonar sobre essa parte, até porque ...“cada cabeça, sua sentença”.
CapaCompleta

1 comment:

Anonymous said...

Un romance que permite descubrir la historia de Angola a través de la vida de sus personajes implicados en la guerra y en la Independencia. Efectivamente, el autor parece haberse documentado bastante pero también aparecen momentos vividos personalmente o a través de próximos. Se descubren también las ciudades como Lobito, Luanda, Benguela, Catumbela, Bahía Azul, y la vida cotidiana de los angolanes y también de los portugueses en la época de la colonización, de la independencia y actualmente.
El autor nos presenta sus personajes con mucha ternura y las relaciones tan difíciles entre culturas diferentes con mucha humanidad. Una crítica de la historia política, militar, social y económica de Angola y de Portugal hoy en día.
Efectivamente sobresaltan la pasión del autor por Angola y su humanismo.

C.