Lisboa Lisboa com suas casas De várias cores, Lisboa com suas casas De várias cores, Lisboa com suas casas De várias cores... À força de diferente, isto é monótono. Como à força de sentir, fico só a pensar. Se, de noite, deitado mas desperto, Na lucidez inútil de não poder dormir, Quero imaginar qualquer coisa E surge sempre outra (porque há sono, E, porque há sono, um bocado de sonho), Quero alongar a vista com que imagino Por grandes palmares fantásticos, Mas não vejo mais, Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras, Que Lisboa com suas casas De várias cores. Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa. A força de monótono, é diferente. E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo. Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo, Lisboa com suas casas De várias cores.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
4 comments:
Belo! E por pouco não nos cruzávamos sem nos conhecermos, no Jardim das Amoreiras.
Já tinha saudades destas voltas, amigo Agridoce.
Se quiseres dar uma saltada, estou em http://aruainclinada.blogspot.com
Abraço
Lisboa fica um oásis de beleza , um sonho
VdeAlemida,
Pois, deve ter sido por pouco que não nos cruzámos e... nem dávamos por isso! Ou será que nos cruzámos e aconteceu o mesmo?
"A rua inclinada" já mora aqui.
Obrigado pela visita e comentário.
Abraço
Olá "Alfacinha",
Bem-vindo a este novo recanto.
Cumprimentos para o centro da Europa.
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