Deu à estampa, em Abril de 2007, este livro, primeira obra de um amigo de infância.
"Apresentado como romance, para mim é mais um conjunto de contos sobre duras experiências vividas, ainda que, por haver alguns elos de ligação entre eles, possa cair naqueloutra forma.
Discurso simples, mas bem escrito, vivo e sempre a prender o passo seguinte, foi leitura de alguns dias, propositadamente lenta, refreada, para poder sorver o prazer do filme que a narrativa me trouxe à mente, embora nunca tivesse ido até aos locais (reais) onde se passam as principais aventuras. Mas vivi algumas bem parecidas. E gostava de conhecer aquelas paragens. A forma como elas são pintadas, ofereceram-me essa viagem. A possível, para já.
Sente-se que a obra é despretensiosa quanto a querer vir a ser um “best-seller”, mas não esconde o objectivo de deixar fotos sob a forma de palavras (ainda que genéricas e, por isso, com alguns riscos – esta é a minha opinião):
- do que sentiu e sentia a juventude de então, naquelas duras condições, e de como em Angola, naquela época, se pensava sobre a guerrilha pela independência, na perspectiva de um dos lados, ou da defesa do território sob o poder político de Portugal, na do outro lado, e como ela se desenrolava;
- as barreiras mentais e culturais das gentes que apareciam idas da Metrópole (assim chamado o actual “torrão” lusitano) e as daquelas que lá tinham nascido, ou crescido desde muito cedo ou vivido uns quantos anos, pelo menos enquanto aqueles não bebiam e ficavam embebidos de uma maneira de ver a vida e o mundo bem diferente, bem mais avançado que era, sem dúvida, a dos angolanos;
- das conversas sobre os desejos e esperanças políticas que já eram sentidos pela massa humana residente, especialmente a mais jovem, que já sentiam que só passos autonómicos, quiçá de independência, poderiam levar a uma mudança do que de errado se fazia e estava à vista de quem queria ver, pese a perspectiva política ser ainda embrionária... mas livre;
- enfim, um testemunho do final dos anos de sessenta e início dos setenta, que antecederam a Revolução de Abril, tendo como palco principal aquela que foi uma das matas mais traiçoeiras de então.
Especialmente para quem por lá andou, de camuflado vestido e arma aperrada, ou não, ou para aqueles que sentem alguma curiosidade sobre aqueles espaços geográficos e temporais, aconselho a sua leitura (não tenho qualquer comissão, apenas comprei o livro e gostei)."
"Apresentado como romance, para mim é mais um conjunto de contos sobre duras experiências vividas, ainda que, por haver alguns elos de ligação entre eles, possa cair naqueloutra forma.
Discurso simples, mas bem escrito, vivo e sempre a prender o passo seguinte, foi leitura de alguns dias, propositadamente lenta, refreada, para poder sorver o prazer do filme que a narrativa me trouxe à mente, embora nunca tivesse ido até aos locais (reais) onde se passam as principais aventuras. Mas vivi algumas bem parecidas. E gostava de conhecer aquelas paragens. A forma como elas são pintadas, ofereceram-me essa viagem. A possível, para já.
Sente-se que a obra é despretensiosa quanto a querer vir a ser um “best-seller”, mas não esconde o objectivo de deixar fotos sob a forma de palavras (ainda que genéricas e, por isso, com alguns riscos – esta é a minha opinião):
- do que sentiu e sentia a juventude de então, naquelas duras condições, e de como em Angola, naquela época, se pensava sobre a guerrilha pela independência, na perspectiva de um dos lados, ou da defesa do território sob o poder político de Portugal, na do outro lado, e como ela se desenrolava;
- as barreiras mentais e culturais das gentes que apareciam idas da Metrópole (assim chamado o actual “torrão” lusitano) e as daquelas que lá tinham nascido, ou crescido desde muito cedo ou vivido uns quantos anos, pelo menos enquanto aqueles não bebiam e ficavam embebidos de uma maneira de ver a vida e o mundo bem diferente, bem mais avançado que era, sem dúvida, a dos angolanos;
- das conversas sobre os desejos e esperanças políticas que já eram sentidos pela massa humana residente, especialmente a mais jovem, que já sentiam que só passos autonómicos, quiçá de independência, poderiam levar a uma mudança do que de errado se fazia e estava à vista de quem queria ver, pese a perspectiva política ser ainda embrionária... mas livre;
- enfim, um testemunho do final dos anos de sessenta e início dos setenta, que antecederam a Revolução de Abril, tendo como palco principal aquela que foi uma das matas mais traiçoeiras de então.
Especialmente para quem por lá andou, de camuflado vestido e arma aperrada, ou não, ou para aqueles que sentem alguma curiosidade sobre aqueles espaços geográficos e temporais, aconselho a sua leitura (não tenho qualquer comissão, apenas comprei o livro e gostei)."
Isto escrevia eu no meu blogue de então, em 2007, num conjunto de posts que foram perdidos, por isso aqui o republico.
Eis que veio à luz do dia mais uma obra sua, o qual estou a acabar de ler e, por isso, ficará para um novo post.
Eis que veio à luz do dia mais uma obra sua, o qual estou a acabar de ler e, por isso, ficará para um novo post.
2 comments:
Gostava de saber como adquirir a obra.
Possuo o livro anterior, "Dembos - A floresta do medo".
É que estive naquela zona em 1970 (penso que foi por esta altura, mas não me apetece recordar com mais pormenor).
Uma boa semana
Cumprimentos
XISTOSA,
O novo livro tem por título "A casa da Restinga", e a editora é a mesma: Terramar. Com certeza que se procurares, talvez numa FNAC ou outra livraria, encontrarás.
Um bom resto de semana.
Cumprimentos.
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